Par un pèlerin
Inês Veiga Macedo
Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco, frio,
A este rio Tejo de Lisboa.
Carregado de Sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades...
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades...
Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre as gaivotas que se dão no rio.
Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.
Miguel Torga, Ariane
Je serais capable de vivre loin de ma patrie dans la situation d’un immigrant qui gagne son pain. Je l’ai déjà fait d’ailleurs. Mais je ne pourrais jamais vivre loin d’elle en tant qu’écrivain. Il me manquerait le dictionnaire de la terre, la grammaire du paysage, l’Esprit Saint du peuple.
Miguel Torga
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