Sou do fado
Como sei
Vivo um poema cantado
De um fado que eu inventei
A falar
Não posso dar-me
Mas ponho a alma a cantar
E as almas sabem escutar-me
Chorai, chorai
Poetas do meu país
Troncos da mesma raíz
Da vida que nos juntou
E se vocês
não estivessem a meu lado
Então não havia fado
Nem fadistas como eu sou
Esta voz
tão dolorida
É culpa de todos vós
Poetas da minha vida
É loucura,
ouço dizer
Mas bendita esta loucura
de cantar e de sofrer
Chorai, chorai
Poetas do meu país
Troncos da mesma raíz
Da vida que nos juntou
E se vocês
não estivessem a meu lado
Então não havia fado
Nem fadistas como eu sou !
O fado Loucura, Júlio de Sousa
Júlio de Sousa, Julho, 1906 - 1 Agosto, 1966
É autor de alguns fados, um dos quais imortalizado pela sua irmã, a fadista Maria Amélia,
o Fado da Loucura.